Ainda as Letras e Literaturas... uma utopia
«E assim a Faculdade de Letras se petrificou pouco a pouco numa escola de formação de professores de Letras. Mas ela não ministra qualquer formação especificamente pedagógica e didáctica; nem por outro lado selecciona à entrada os candidatos segundo a sua vocação pedagógica. (...) Assim se compreende a tentação de a substituir por uma verdadeira escola profissional de professores. Mas esta solução acarretaria a destruição das poucas possibilidades de investigação e de livre especulação que existe ainda em Portugal.»
Este excerto, retirado do blog de Henrique Jorge, pertencente a António José Saraiva é de 1976!!!
Já aqui havia falado anteriormente, em a problemática dos cursos de Letras, na necessidade de não "tecnicizar" os cursos (Henrique Jorge usa a expressão "superstição do produtivismo").
O que este texto traz de "novo" é a discussão sobre a agonia que a investigação sofre um pouco por todo o lado e, especialmente, em Portugal.
Muitos colegas de Letras (e até eu próprio) não optaram por mestrados/doutoramentos por razões económico-profissionais. Isto é, quem é que se interessa; onde vou publicar o que investigar; quem me dará trabalho como investigador.
Sabemos que os ensaios vendem muito pouco, especialmente nas Literaturas. Sabemos que o corporativismo que existe nas Universidades, aliado às dificuldades orçamentais impede a contratação de investigadores a tempo inteiro (mesmo docentes...). Tudo isto porque a investigação em Letras não tem uma razão produtiva por detrás, como certas ciências, onde a aplicação comercial é imediata.
A minha última esperança é que, perdoem-me os professores, a Faculdade de Letras acorde a tempo e mude de rumo. Como as saídas profissionais para o ensino estão sobrelotadas e como o interesse por essa saída, e até por esses cursos, está a decair virtiginosamente, resta às faculdades renovarem-se e apostarem fortemente, quer em novas saídas com objectivos de "produtivismo" (tradutores, editores, revisores de texto, área da comunicação, dinamizadores culturais, etc.), quer na área da investigação (mantendo os melhores e atraindo novos valores).
Terá este desejo mesmo de ser utópico?
Este excerto, retirado do blog de Henrique Jorge, pertencente a António José Saraiva é de 1976!!!
Já aqui havia falado anteriormente, em a problemática dos cursos de Letras, na necessidade de não "tecnicizar" os cursos (Henrique Jorge usa a expressão "superstição do produtivismo").
O que este texto traz de "novo" é a discussão sobre a agonia que a investigação sofre um pouco por todo o lado e, especialmente, em Portugal.
Muitos colegas de Letras (e até eu próprio) não optaram por mestrados/doutoramentos por razões económico-profissionais. Isto é, quem é que se interessa; onde vou publicar o que investigar; quem me dará trabalho como investigador.
Sabemos que os ensaios vendem muito pouco, especialmente nas Literaturas. Sabemos que o corporativismo que existe nas Universidades, aliado às dificuldades orçamentais impede a contratação de investigadores a tempo inteiro (mesmo docentes...). Tudo isto porque a investigação em Letras não tem uma razão produtiva por detrás, como certas ciências, onde a aplicação comercial é imediata.
A minha última esperança é que, perdoem-me os professores, a Faculdade de Letras acorde a tempo e mude de rumo. Como as saídas profissionais para o ensino estão sobrelotadas e como o interesse por essa saída, e até por esses cursos, está a decair virtiginosamente, resta às faculdades renovarem-se e apostarem fortemente, quer em novas saídas com objectivos de "produtivismo" (tradutores, editores, revisores de texto, área da comunicação, dinamizadores culturais, etc.), quer na área da investigação (mantendo os melhores e atraindo novos valores).
Terá este desejo mesmo de ser utópico?
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